Autores da oficina: Leandro Medina, pesquisador e brincante da cultura popular brasileira, e Madalena Monteiro, contadora de histórias e formadora de professores. Publicado originalmente na Plataforma do Letramento (CENPEC)
O que é?
Pesquisa das memórias que as famílias dos estudantes têm sobre o Carnaval e organização de um baile carnavalesco.
Material
Para decorar a sala: confetes, serpentinas, máscaras de cartolina e bexigas coloridas.
Para confeccionar fantasias: papel crepom, TNT de várias cores, lantejoulas, missangas, tecidos (se houver possibilidade, plumas, tecidos, tules, paetês), cartolina, lápis de cor, giz de cera, tesouras sem ponta, pintura para o rosto etc.
Finalidade
Pesquisar a história do Carnaval no Brasil, por meio de relatos e imagens dos pais, tios e avós dos participantes.
Identificar, nos relatos coletados, palavras e expressões que remetam a costumes sociais diferentes dos atuais e perceber as variações pelas quais a língua passa.
Expectativa
Ampliar os conhecimentos sobre essa importante festa popular e vivenciar a alegria do Carnaval por meio de trabalho coletivo de decoração da sala e confecção das fantasias, além de compartilhar a experiência de se divertir juntos.
Público-alvo
Crianças e adolescentes
Espaço
Sala de aula, sala de atividades, de leitura, biblioteca, pátio ou outro espaço para trabalho coletivo
Duração
3 a 4 encontros de 1h30
Início de conversa
A origem do Carnaval remonta a celebrações pagãs da Antiguidade, tanto na Mesopotâmia quanto na Grécia e em Roma. Ao ser incorporado às tradições do Cristianismo, em 1091, passou a marcar um período de festividades que aconteciam entre o Dia de Reis e a Quarta-Feira de Cinzas, antecedendo a Quaresma, período em que os fiéis deveriam dedicar-se exclusivamente às questões espirituais.
Augustus Earle, c. 1822. Jogos durante o carnaval no Rio de Janeiro (Entrudo familiar). Imagem: Wikimedia Commons
No Brasil, o Carnaval é considerada nossa festa mais popular. O costume de se brincar nesse período foi trazido pelos portugueses, provavelmente no século XVI. Tratava-se de uma tradição da Idade Média em Portugal, onde se comemorava a data com brincadeiras que tinham formas e cores variadas de acordo com a aldeia. Em algumas, destacava-se a presença de grandes bonecos, conhecidos como “entrudos”. Daí o nome pelo qual a festividade era conhecida na época: Entrudo.
Essa festividade é tão importante em nossa cultura que se costuma dizer que o ano só começa depois do Carnaval. No exterior, a folia se transformou em um dos grandes referenciais da cultura brasileira, tanto que, no imaginário de muitos estrangeiros, “Carnaval” está entre as três primeiras palavras lembradas quando o assunto é Brasil.
E como toda criança adora uma festa, a folia do Rei Momo é um prato cheio para atividades em que todos certamente se divertirão. Nossa proposta é recriar uma das brincadeiras mais tradicionais desse período: o baile de Carnaval, com direito a marchinhas, desfiles de fantasia, confetes e serpentinas.
Hippolyte Berteaux, 1813. O Deus Momo (detalhe do teto do Teatro Graslin, em Nantes, França).
Rei Momo Personagem da mitologia grega, levava na cabeça um gorro com guizos e nas mãos uma máscara e uma boneca. Deus do delírio e do sarcasmo, usava o riso para ridicularizar os outros deuses. Depois de muito aprontar, foi expulso do Olimpo. Mais tarde, já na era cristã, essa figura foi relacionada a celebrações regadas a bebidas e orgias. No Brasil, o Momo se tornou o soberano do Carnaval em 1933, no Rio de Janeiro.
Na prática
Aquecendo os tamborins (e a conversa)
Basile Pachkoff, 2004. Folheto para o Carnaval de Paris. Imagem: Wikimedia Commons
Em um primeiro momento, é interessante pesquisar a origem dessa antiga festa. Alguns historiadores apontam uma relação com as celebrações pagãs conhecidas como Saturnália, na Roma Antiga. Outros relacionam a festividade a celebrações que se originaram na Grécia entre meados de 600 a 520 a.C.
Para iniciar a conversa, você pode trazer curiosidades sobre como o Carnaval acontecia em diversas regiões e como veio se transformando no decorrer dos séculos.
Mostre imagens dos bailes de máscara em Veneza e Paris, dos antigos carnavais que ocorriam em nossa terra e, é claro, muitas fotos e outras imagens (livros, jornais, revistas, sites) de crianças brasileiras fantasiadas, se divertindo através dos tempos.
Em seguida, faça uma roda e pergunte:
Quem já foi a um baile de Carnaval?
Que brincadeiras fizeram?
Que fantasia usaram?
Qual gostaria de usar num baile?
Alguém se lembra de uma música tocada no Carnaval?
Quem topa preparar um grande baile de Carnaval com a turma?
“Tamborins aquecidos”, é hora de combinar com as crianças a data da festa. Para que elas se envolvam em todas as etapas da organização, proponha que pesquisem as memórias das famílias em torno da folia.
Escavando o baú das memórias
Oriente as meninas e os meninos a criar um roteiro de perguntas que eles podem fazer aos pais, tios, avós e amigos de outras gerações:
Quem já participou de bailes de Carnaval?
Como eram as comemorações na época?
De que músicas se recordam?
Como eram as brincadeiras? Que fantasias usaram?
Comité organizador do carnaval de Barranquilla, Colômbia, 1908. Foto: anônimo/Wikimedia Commons
Oriente os estudantes já alfabetizados a registrar por escrito os relatos. As crianças podem também gravar as entrevistas em áudio ou em vídeo.
Fotos são muito bem-vindas. Elas podem buscar com as famílias registros fotográficos do tempo em que seus parentes eram crianças.
Vale trazer pequenos recortes de revistas e jornais com imagens de fantasias.
Compartilhando os achados
Combine uma data para que eles compartilhem, em uma roda de conversa, as informações, histórias e imagens que colheram na pesquisa. Nesse momento, é interessante perguntar se eles notaram, ao conversar com a família, algumas palavras e expressões que não conhecem. Caso eles se recordem, faça uma lista desses termos na lousa e oriente-os a pesquisar o significado em dicionários e na internet.
Essa é uma excelente oportunidade de discutir o tema da variação linguística: estimulando as crianças a pensar quais as possíveis razões de esses termos não serem mais tão conhecidos hoje, elas poderão perceber que a língua se modifica junto com a sociedade.
Vestindo a fantasia e organizando a folia
A escolha e confecção das fantasias é uma tarefa bem divertida. A pergunta inicial sobre que fantasia elas gostariam de usar pode ajudar a desenvolver a alegoria de cada criança. Mesmo que algumas prefiram usar fantasias prontas, é importante que confeccionem algum adereço complementar.
Experimentem fazer capas, coroas, chapéus, cocares, máscaras usando tules, retalhos, papel crepom, lantejoulas, paetês, missangas, brilhos, plumas etc. Deixem a imaginação fluir. Pintar o rosto com tinta apropriada é algo que toda criança gosta.
Giovanni Ferretti, séc. XVIII. Arlequim e Colombina. Imagem: Wikimedia Commons
Figuras da folia O Carnaval brasileiro é recheado de figuras notórias. Em todo o país, o Arlequim, a Colombina, o Pierrô, personagens da Commedia dell’Arte, da Itália do século XVI, colorem os bailes a fantasia. O Rei Momo renasce da mitologia grega para reger a festa carioca. Na pernambucana Olinda, o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia se encontram nas ruas apinhadas de foliões pulando ao som do frevo.
E na sua região, quais figuras se destacam? Uma pesquisa sobre as personagens tradicionais do Carnaval brasileiro, de sua localidade ou de outras regiões do país pode inspirar as criações da turma. Mãos à obra!
Escolhida a fantasia de cada um, é hora de organizar o baile. A decoração do espaço e a apresentação dos materiais que serão usados (serpentinas, confetes, bexigas etc.) podem proporcionar uma excelente conversa. Nela, todos decidem o que cada um fará no dia da arrumação, na véspera do grande baile. Não se esqueçam de organizar o mural com as imagens recolhidas.
Outra tarefa bem divertida é fazer uma coletânea de marchinhas para as crianças ouvirem: “Mamãe eu quero”, “Alalaô”, “Índio quer apito”, “Chiquita bacana”, entre outras. Toque as marchinhas na sala sempre que houver atividades voltadas ao baile. Clique aqui e ouça várias marchinhas tradicionais.
Carnaval aqui, ali, acolá Vocês podem confeccionar instrumentos musicais com materiais recicláveis para cantar e tocar as marchinhas. Estimular a pesquisa de ritmos carnavalescos das diferentes regiões do país é interessante para ampliar o repertório musical da turma. Vale também convidar foliões da comunidade para cantar e contar histórias do Carnaval da região.
Vocês podem convidar outras turmas, ou mesmo as famílias dos estudantes para participar da festa. Para isso, é interessante criar cartazes e espalhar pela escola ou instituição educativa , e convites para os familiares.
Ó abre-alas que a folia vai passar!
Fantasias, cartazes espalhados, convites entregues, instrumentos afinados, marchinhas e ritmos na ponta da língua, ambiente decorado? Agora é celebrar!
Brincadeiras tradicionais como a dança das cadeiras, a chuva de confete e serpentina, o trenzinho, e o desfile de fantasias podem gerar boas gargalhadas. É interessante não haver competição. Vale a pena registrar todos os processos com fotos e por escrito em seu diário de bordo. Boa festa!
Hora de avaliar
Marque um dia após a celebração para uma roda de conversa sobre as impressões e aprendizagens envolvidas na atividade:
O que aprenderam sobre o Carnaval?
O que acharam de organizar e participar de um baile?
Do que mais gostaram?
O que poderia melhorar?
Carnaval, cores e ritmos pelo Brasil
Prefeitura do Salvador: Carnaval de Salvador em 1939
Documentário sobre o Carnaval pernambucano Dias de Momo:Viva a Originalidade
Olhar Paulistano: História do Carnaval de São Paulo
Canal Futura: Origens e evolução do Carnaval no Rio de Janeiro
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